quinta-feira, 5 de maio de 2011

Defendendo cegamente a visão

Em resposta aos comentários intitulados por “VOLTAR AOS PRINCÍPIOS DO PRIMEIRO SÉCULO PARA ENFRENTAR OS DESAFIOS DO ÚLTIMO” e “RECUPERANDO A VISÃO”.

Primeiramente, o anonimato reflete a falta de coragem e a distorção do caráter o qual deveria ser o de Cristo. Alguém que se converte verdadeiramente não tem medo de mostrar o nome. Os judeus queriam apedrejar Jesus e até seus discípulos falaram para que Ele andasse a noite, a fim de não ser visto publicamente e correr esse risco. Veja a seguir:

“Depois disto, disse a seus discípulos: Vamos outra vez para Judéia. Disseram-lhe eles: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá? Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo; mas se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz. E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono” (Jo 11:7-11).

A partir de agora, usarei dos comentários citados acima e os refutarei à luz da Bíblia, separando os trechos controvertidos. Os textos em itálico e sublinhado, pertencem ao comentarista e os normais são os de minha autoria.

“Apesar do constante mover de Deus, por muito tempo os líderes da igreja dominante perderam ou rejeitaram a Visão original de Jesus e dos apóstolos” – Não há indício bíblico, na história da igreja e nem na patrística que houve discipulado na proporção de 1 para 12. Não lemos Pedro seguindo essa premissa nem sua esposa cuidando de 12 mulheres. Não lemos Paulo tendo 12 pastores espalhados, não lemos Paulo utilizando essa metodologia, antes o vemos dizendo “Quando vos congregais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14:26). Não encontra-se nenhuma recomendação deste tipo no didakê, não encontramos nada nos escritos dos pais da igreja, portanto, a premissa de que a “visão” é a visão original de Jesus, é balela.

“Outra conseqüência trágica do abandono da Visão original do Senhor Jesus foi a perda quase total do sacerdócio universal dos salvos” – Todo o que nasce de novo, recebe nova natureza, isto se dá através de aceitar a Cristo em nossas vidas, não é a “visão” que nos proporciona o novo nascimento, portanto, esse sacerdócio não foi perdido. Foi Jesus quem rasgou o véu e não a “visão”, é através de Jesus que nos tornamos “geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido” (1 Pe 2:9).

“Mesmo as igrejas adoecidas com a síndrome maligna de “ajuntar num saco furado”, de ganhar e deixar escapar os seus fiéis, serão curadas e restauradas ao aceitarem esta Visão que Deus está nos dando!” – Este é um paralelo da afirmação do César Castellanos, quando ele afirma que “a colheita só poderá ser alcançada por aquelas igrejas que tenham entrado na visão celular. Não há alternativa: a igreja celular é a igreja do século XXI” (Castellanos, César, Sonha e Ganharás o Mundo, p. 143). A Graça de Deus não está na “visão” e tampouco está restringida a uma forma, Pedro diz que a mesma é multiforme (1 Pe 4:10). Imagine só, se uma denominação não entrar na “visão” Deus não vai operar. Faça-me o favor!

“Esta é a Visão dos apóstolos, tão bem praticada por eles, tão bem aprendida por Paulo ao ser assistido e discipulado por Barnabé, e, depois, tão bem repassada por ele a Timóteo” – Esta aqui já foi comentada anteriormente. Não encontramos indício de que o modelo dos 12 é bíblico e nem mesmo histórico.

“O momento e o lugar ideal para se passar a Visão, e para alguém ser iniciado nela, é no Encontro! (...) Depois, vem a Escola de Discípulos (...)Escola de Discípulos: 9 meses de treinamento intensivo” – Fico imaginando o que seria do Eunuco de Candace se tivesse que esperar qual era a verdadeira visão de Deus, a salvação em Cristo Jesus. Ele teria que ficar esperando Filipe arrumar uma vaga para ele ir ao encontro. E se o eunuco não tivesse dinheiro, hein? Não ia aprender a Palavra a qual não entendia e nem mesmo seria batizado (At 8:27-38). Aliás, será que em mais ou menos 1 ano estaria apto para dirigir um culto doméstico? A Escola de Discípulos ou de Líderes toma o lugar da EBD da igreja. O novo convertido fica entre 9 meses e 1 ano e meio no máximo aprendendo apenas sobre a visão. Depois já está apto para ser um líder de célula.

“O QUE ACONTECE QUANDO NÃO HÁ TRABALHO CELULAR? – Essa é uma pergunta prepotente, pois com ou sem trabalho celular quem tem que operar é Deus. Ou o trabalho celular é maior do que Deus? Veja as supostas perdas:

• Igrejas pequenas
– O padrão do sucesso são as mega-igrejas? Pior: as igrejas pequenas são enxergadas de forma negativa por Jesus? Ele mesmo pregou duramente para uma multidão de aproximadamente 10.000 pessoas em João 6 e restaram apenas seus discípulos. Então Jesus não estava na “visão”, pois sua igreja tinha 12 membros. Paulo nem sequer se preocupa em ostentar quantos membros tinham em cada igreja em que escrevia. Muito menos pergunta quantos membros tinham lá. Nem sequer pressionava ninguém para que a igreja crescesse em números, antes o veremos ensinando aos coríntios que eles eram carnais, precisavam ainda aprender as coisas.
• Pessoas não são pastoreadas
– Na “visão” elas são pastoreadas mas não pelo pastor. Este fica de asinhas abanando, de pernas para o ar. Não precisa visitar os membros, os 12 é que fazem. Quem deveria pastorear não o faz. Se bobear tem que pegar senha pra falar com ele (quem não é 12 da primeira geração).
• As pessoas entram pela porta da frente e saem pela dos fundos
– Isso acontece em qualquer lugar, não é um modelo de 12 que vai segurar ninguém.
• Pastor carrega o trabalho
– Ou seja, ele trabalha! Na “visão” o pastor ganha pra ficar a toa.
• O potencial de liderança não é aproveitado - uns poucos se perpetuam na liderança
– Quero que alguém me mostre onde está a convenção da visão celular e se há eleição para o presidente da instituição. O “guru” da “visão” é o Renê. Quando ele morrer, quem sabe troca? Até lá ele vai perpetuando na liderança.
• Pessoas desmotivadas. A estrutura centralizadora favorece a acomodação
– A motivação de um crente é servir a Cristo. Os adeptos da teologia da prosperidade é que motivam seus membros através de bens materiais. Aliás, o Renê deve estar bastante motivado, tem jatinho particular e tudo, né?
• Crescimento lento
– Quem dava o crescimento à igreja primitiva? At 2:47 responde muito claramente essa pergunta. É muita prepotência achar que a “visão” é que vai converter as pessoas. Outra coisa, um planta, o outro rega, mas quem dá o crescimento não é a “visão” e sim Deus (1 Co 3:6).
• Incapacidade de reprodução
– O homem só tem a capacidade de reproduzir sua espécie e isso através do encontro dos espermatozóides com o óvulo. Reproduzir alguém no espírito depende da fé de quem ouve o Evangelho. Quando esta ouve e aceita a Cristo, ela é reproduzida, regenerada, nascida de novo.
• Insatisfação (necessidades individuais não atendidas - falta de oportunidades)
– A diferença é que uma igreja que não está na “visão” dá oportunidade conforme o tempo. Já a que está na “visão” enquanto a pessoa está verde. Como nossa geração não sabe esperar as coisas acontecerem, querem tudo pra ontem, acham isso melhor.
“Saulo antes era um perseguidor de cristãos. É exatamente assim que agem as pessoas que não entendem e não aceitam a Visão. Passam a perseguir aqueles que estão nela” – Eu entendo a “visão”. Sei de cor e salteado como funciona. Agora fazer analogia de Saulo com o G-12 é demais. Saulo não perseguiu o G-12, ele perseguiu aos cristãos. É como se um católico perseguisse aos crentes, hoje. Não concordo com a “visão” mesmo, pois é anti-bíblica. Mas não concordar não quer dizer perseguir pessoas. Isso é argumento de seitas, que não têm argumentos para defender seus ensinamentos e se defendem dizendo que estão sendo perseguidos.

“Deus quer cegar muitas pessoas (...) Deus deseja fazer grandes coisas, mas primeiro tem que nos cegar” – Entendi o contexto, mas o termo correto não é cegar e sim morrer. Temos que morrer para o mundo, isso sim é bíblico. Deus não quer que sejamos cegos, Lucas registrou Jesus confirmando a profecia de Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos” (Lc 4:18 grifo meu). Essa teoria de ser cego gera os submissos cegos ao pastor.

“Tem pessoas que ainda resistem à Visão porque aprenderam a fazer evangelismo de outra maneira (...) Tradicionalismo, pessoas sem visão, cegos espirituais” – As igrejas que não estão na “visão” são tradicionais, sem visão e cegas espirituais? Só a “visão” então é a solução? Eis uma prova do exclusivismo da “visão”. É ela a revelação suprema, que abre os olhos das pessoas.

“Se Jesus fosse vivo nos dias de hoje” – Jesus não está vivo? Isso é heresia, hein? Leia At 10:40.

“Se Jesus fosse vivo nos dias de hoje ele seria um homem normal. Usaria internet, teria um email, um blog, andaria de avião, tomaria açaí. Mas nós insistimos em querer permanecer sem visão” – Você quer dizer então, que se Jesus estivesse encarnado hoje Ele faria essas coisas. Mas será que Ele também seguiria a “visão” do Renê Terra Nova? Ah ia pegar uma carona no jatinho dele, né? Insisto e prossigo sem “visão”, pois Jesus é de quem eu preciso.

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